História do nosso bairro - Freguesia





Conhecendo um pouco do meu bairro
Profª Marisa dos Santos Pereira


Em 1616, nas imediações do Engenho D'Água, surgiu o primeiro núcleo de ocupação de Jacarepaguá, no lugar também conhecido como Largo da Porta D'Água, que hoje chama-se Largo da Freguesia. Com a ocupação se acentuando, uma parte das terras foi desmembrada em foros no séc. XVIII, para incentivar seu desenvolvimento.
Tendo sido escolhido pelo engenheiro Etiene Campos, em 1873, para ponto inicial de uma linha de bondes a burro capaz de ligar a região à Zona Sul da cidade via Barra da Tijuca, projeto esse que não obteve o sucesso esperado, e sendo ponto final de outra linha de bondes para a região de Madureira e Cascadura, o antigo Largo da Porta D'Água é um dos pontos geradores do desenvolvimento dessa área.
Escoadouro das águas vindas da serra limítrofe do Engenho Novo com a Freguesia de Jacarepaguá, o rio Porta D'Água era navegável em todo o seu curso pela planície e contava, nos trechos mais altos, com diques e comportas que lhe valeram o nome. Reunia o curso dos rios Cigano, Olho d’Água e Fortaleza, nascidos na serra dos Três Rios e após atravessar a outrora Porta D’Água, passava a se chamar rio Sangrador, recebendo as águas do córrego da Panela, dos rios São Francisco e Anil, indo desaguar na lagoa de Camorim.
Como Largo da Porta D'Água ficou conhecido o núcleo de ocupação surgido no local em que hoje se encontram a estrada Velha de Jacarepaguá, a rua Ituverava e a estrada de Uruçanga, até a praça Professora Camisão e a esquina da estrada dos Três Rios com a avenida Geremário Dantas. O nome de Freguesia, com que popularmente a localidade passou a ser chamada, decerto deriva da antiga toponímia Freguesia de Jacarepaguá, nome dado às terras compreendidas entre o Maciço da Tijuca, Maciço da Pedra Branca e o litoral (Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes).
*Freguesia – núcleo de ocupação, povoamento **Jacarepaguá – palavra de origem tupi cujo significado remete às lagoas da região, habitat do jacaré do papo amarelo.
A influência desta localidade se estendeu por uma área ampla e variada: - as terras do Engenho D'Água - vasta propriedade do Barão da Taquara, onde se produzia açúcar e, mais tarde, café. Corresponde hoje aos bairros de Freguesia, Anil (por causa do rio Anil), Gardênia Azul, Rio das Pedras, Cidade de Deus, parte da Taquara e a Baixada Litorânea (autódromo, Via Parque);
- o médico e vereador Francisco Pinto da Fonseca, filho do Barão da Taquara, recebeu de seu pai autorização para criar cavalos (sua paixão) numa região do Engenho D’Água, a qual batizou de Gardênia Azul, interligada ao restante da propriedade pelo Portinho da Gabinal.
- estrada dos Três Rios (e as vertentes da serra do mesmo nome), a parte mais alta da estrada do rio Pau Ferro, e a localidade do rio do Anil (terras mais altas da região), responsáveis pela interligação da Freguesia de Jacarepaguá com a do Engenho Novo, no outro lado do Morro dos Pretos Forros;
- Estrada Velha – antigo nome da atual Estrada de Jacarepaguá, que ligava a Freguesia de Jacarepaguá ao Itanhangá, final do caminho do Alto da Boa Vista (ligação com o Andaraí Pequeno, atual Tijuca, Engenho Velho e Maracanã) e às ilhas das lagoas costeiras e às praias da Barra da Tijuca.
Em 1660, o Capitão Rodrigo Veiga Barbuda pediu autorização ao Prelado Manuel de Almeida para construir uma capela, de modo a ampliar o acesso dos moradores da área aos cultos católicos já que a Igreja de N. S. da Apresentação de Irajá era muito distante. É edificada, então, a Igreja de N. S. do Loreto e Santo Antônio nas terras do Padre Manuel de Araújo, inaugurada em 1664, na presença do Prelado.
Erguida no alto de um penhasco, chamado Pedra do Galo, a Igreja de Nossa Senhora da Peña não tem sua história claramente conhecida. A rigor não se sabe quem a ergueu, nem quando precisamente (entre os séc. XVII e XVIII). Pode ter sido por um ermitão desconhecido ou pelo Padre Araújo da de N. S. do Loreto. Reformou-a José Rodrigues de Aragão, dotando-a de belos móveis e paramentos, além de casas para os romeiros. Inicialmente seu nome era de N. S. do Penedo ou Pene (palavra de origem hispânica relacionada à pedra). Próximo às duas igrejas e também por ser caminho para o Engenho D’Água, o Largo da Porta D’Água abrigava a escola masculina da Professora Júlia de Andrade Camisão.
Em função de uma ocupação cada vez maior, do crescimento de atividades e do desenvolvimento econômico dessa localidade, o Padre Araújo propôs a emancipação do lugar, efetivada em 6 de março de 1661. Foi criada, assim, a Freguesia de Nossa Senhora do Loreto de Jacarepaguá, a quarta da cidade, separada da antiga Freguesia de Irajá. Em 1664, com a inauguração da Igreja-Matriz de N. S. do Loreto, consolidava-se assim o papel de liderança da Freguesia em toda essa região.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do bairro Freguesia foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.



Bibliografia:
- Gerson, Brasil – História das ruas do Rio – Editora Nova Aguilar
Rio de Janeiro - 5ª edição - 2000
-Atlas Escolar da cidade do Rio de Janeiro – Prefeitura da cidade do
Rio de Janeiro – Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos – ano 2000
- Camões, Eduardo Costa – O Rio Antigo – Art Collection Studio Editora - Rio de Janeiro - 1994

Comentários

José Carlos disse…
Olá Marisa! Adorei esta postagem. Acho importante conhecermos um pouco mais sobre a histório dos lugares em que vivemos. Bjs ZEca

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